Carlos Marques de Almeida - Dois homens a fazer política

Quarta-feira, Abril 23, 2025 - 18:49
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Eco

Na distância que separa o radical “menino rico” do moderado “novo-rico”, que lugar para a riqueza da nação?

Chegaram as “averiguações preventivas” à esquerda e à direita. O choque e o pavor tomam conta dos debates e da campanha e do período antes da ordem do dia. As “averiguações preventivas” do Ministério Público são o partido informal da democracia portuguesa. Os juízes portugueses não sofrem do movimento de despromoção social que afecta médicos e professores. Médicos e professores são os novos proletários da democracia. Os juízes portugueses são a comissão reguladora do tráfego político. Não há manifestações nem greves nem reivindicações salariais para os guardiões da República. Através do Ministério Público os juízes pretendem garantir a honestidade política e a pureza social dos políticos.

A República até poderia exigir uma espécie de registo de conformidade política como documento essencial para se concorrer às eleições. Mas não. Desta forma, o Ministério Público torna-se um instrumento político por excelência, garantindo avenidas de sucesso para políticos convenientes e becos sem saída para políticos inconvenientes. O critério de intervenção não é o motivo jurídico, mas a motivação política. Aliás, a instrumentalização da justiça para fins políticos é uma degradação do sentido da justiça e uma actuação ao nível da teoria da conspiração. Entre os tribunais plenários do antigo regime e os tribunais executivos das oligarquias é a regulação do interesse corporativo de uma classe ao serviço de uma qualquer ideia política que nega ser política. Na discussão sobre a ética da República democrática, fica uma questão essencial – Quem elege os juízes?

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