A Europa está a regressar a uma visão política baseada na concepção particular de uma “identidade europeia” que observa a diversidade cultural, a pluralidade étnica como ameaças ao projecto europeu.
Acampanha eleitoral para as eleições europeias é um desvario provinciano. Nada, mas mesmo nada, consegue fazer a ligação entre o projecto cosmopolita da Europa e a realidade paroquial de Portugal. Quando o debate visita o refúgio dos burros em Mirandela, mais um passeio na ria de Aveiro, mais a pobreza menstrual, mais os subsídios às touradas, mais a romaria ao Museu da Resistência em Peniche, mais a solução para a paz, mais a vocação liberal para a riqueza, mais o universo verde em cada gesto miraculoso, mais o mercado dos beijos e o comércio das selfies, nada muda relativamente ao vazio de uma campanha normal. Depois há o complexo de inferioridade da política nacional que se manifesta com a soberba política de uma grande capital da Europa.
Nota: pode ler este conteúdo na íntegra na edição online do ECO de 3 de junho 2024.