A mais espectacular manifestação política do delírio orçamental é a fixação no excedente. O excedente é discutido como se fosse posse de um ou de outro partido.
OOrçamento é uma descida aos infernos. O Parlamento ocupa horas infindas a discutir uma décima em cada milhão e um milhão em cada décima. Perante a ínfima literacia económica da grande massa de deputados, o Orçamento na especialidade é visto como uma multiplicação de orçamentos aplicados a cada caso e a cada causa. Para ser pomposo e arrogante convém lembrar que um Orçamento deve ser a concretização técnica de uma visão política. Quando não há visão política, o Orçamento na especialidade dispara em todas as direcções da demagogia, do oportunismo, do eleitoralismo, do mero delírio económico. A especialidade em Orçamento é o país em leilão, pois cada força política pretende licitar uma parcela especial da nação para benefício futuro. O que na verdade se discute no Orçamento é a divisão da herança, as partilhas de um património político exagerado. O Orçamento é uma espécie de garantia a prazo de um crédito político eleitoral.
Nota: pode ler este conteúdo na íntegra na edição online do ECO de 25 de Novembro 2024.