Depois do pequeno-almoço no Café Centrál, o assessor do Governo despede-se com um cumprimento entre frases: "Bem-vindo à Hungria de Orbán. Bem-vindo à Europa de Orbán." Com um sorriso, respondo que estas palavras não seriam bem recebidas em Bruxelas. O assessor projeta as palavras com a impunidade natural de quem tem todo o poder: "Esse é um problema de Bruxelas. Em Budapeste não há um regime de imitadores. Muito antes de a União Europeia existir já a Hungria era Europa. Nós somos os originais." Permaneço sentado no Café Centrál com um olhar político sobre os meus notebooks. Acabo de escutar pela voz de um membro do entourage do Fidesz a teoria do "imperativo da imitação". Os pensamentos divagam em muitas direções.
Este "imperativo da imitação" foi o preço político de uma integração na União Europeia rápida e sem fricções. Mas sente-se nas palavras do assessor o outro lado da moeda política. É uma espécie de síndrome da imitação, onde o imitador é a criação e o imitado é o criador. A democracia liberal nesta leitura rápida gera um ressentimento e um enorme sentimento de inferioridade que ganha os contornos da desobediência, da provocação, da rebeldia. Como dizia o assessor algures na conversa: "Muitos políticos e intelectuais vêm a Budapeste como quem visita uma colónia.
Nota: Este conteúdo é exclusivo dos assinantes do Expresso de 20 de abril de 2025.