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Carlos Marques de Almeida - No Rossio com guitarras à janela

Wednesday, April 30, 2025 - 12:41
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Eco

Os candidatos a Primeiro-Ministro têm de perceber que não é através do confronto entre a virtude da esquerda e a virtude da direita que se vai resolver o impasse democrático.

Há um ano o debate entre os dois pretendentes a Primeiro-Ministro teve lugar num teatro habituado ao vaudeville da revista à portuguesa. Em redor, uma guarda de honra clandestina de polícias manifestava-se pelo direito ao “subsídio de risco”. Desta vez o debate ocorre na sequência das celebrações do 25 de Abril e dos confrontos no Rossio entre neo-fascistas e neo-democratas. Os imigrantes, alvo da manifestação proibida, não passaram de meros espectadores neste conflito local entre forças que se odeiam. Afinal o ódio é mais democrático do que se pode pensar – odeiam-se os nossos tal como se odeiam os outros. O debate para Primeiro-Ministro tem um prólogo com o líder do PS na Avenida da Liberdade e o Governo confortável à janela.

Desta vez a polícia não encostou ninguém à parede. Talvez pelo facto das paredes do Rossio serem a montra de tantas lojas de luxo. A polícia é patriótica e não quer perturbar o fluxo normal dos turistas e a circulação regular da economia. A “beleza de matar fascistas” tem destas coisas – declarar vitória e recuar. Convém sublinhar que um dos movimentos é liderado por um juiz expulso da magistratura, enquanto a outra associação tem como símbolo o ano da fundação de Portugal e é comandada por um neo-fascista de reconhecidas credenciais e registo criminal. O alvo da imigração transforma-se numa luta interna à democracia portuguesa. Enquanto os activistas militantes debatem em tribunal as medidas de coacção, os líderes partidários debatem perante o tribunal da opinião pública a ambição política de governar Portugal. Não há qualquer equivalência moral entre os dois momentos, mas simplesmente a distância que distingue a democracia liberal do ritual extremo da “democracia do ódio”. Os portugueses não devem ficar surpreendidos com a defesa da “liberdade de expressão” feita pelo CHEGA – É a estratégia da “democracia unitária”.

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