Aldino Campos | Haja lucidez dentro do caos da governança global

Terça-feira, Setembro 30, 2025 - 16:57
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Jornal de Negócios

Entre as dezenas de discursos já proferidos na 80.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, houve um que se destacou pela sua clareza e coragem. O presidente da Finlândia, Alexander Stubb, iniciou a sua intervenção com uma frase simples, mas contundente: “Na sua essência, a política externa assenta em três pilares: valores, interesses e poder. Eu venho de um país pequeno, a Finlândia, onde as nossas ferramentas diplomáticas se apoiam exclusivamente nos valores e nos interesses. O poder, nas suas diversas formas, é um privilégio reservado às grandes potências.”

A partir desta constatação, simultaneamente humilde e estratégica, Stubb construiu um discurso que, mais do que repetir o queixume global alimentado pelo medo de uma guerra à escala planetária, se transformou numa verdadeira lição sobre os fundamentos das relações internacionais.

Em Nova Iorque, o Presidente finlandês fez o que muitos líderes evitam: apontou a falência estrutural da ONU e o anacronismo do Conselho de Segurança. Não foi um discurso protocolar, cheio de lugares-comuns sobre paz e cooperação, mas uma chamada de atenção que, se levada a sério, pode redefinir a legitimidade do sistema internacional. Stubb não se limitou a condenar a agressão russa contra a Ucrânia ou a violência persistente no conflito israelo-palestiniano, tendo ido mais fundo.

Nota: Pode ler este conteúdo na íntegra na edição impressa do Jornal de Negócios de 30 de setembro de 2025.