A política está transformada num imenso cenário onde se discute a arrumação das cadeiras, mas não a orientação das políticas.
Opaís passa da dissolução parlamentar para o cenário pós-eleitoral. Neste compasso de espera entre a surpresa e o desconhecido, a política resume-se a um exercício especulativo de alianças e coligações, maiorias e minorias, contabilidade à esquerda e cálculo à direita, tudo arranjos parlamentares hipotéticos para resultados eleitorais desconhecidos. A política está transformada num imenso cenário onde se discute a arrumação das cadeiras, mas não a orientação das políticas. Pela tranquilidade do vazio e a enormidade da tarefa, o discurso democrático só pode revelar um tom politicamente menor.
A campanha eleitoral também é uma preocupação onde não falta matéria, mas começa a faltar confiança. A matéria política circula em torno de uma “campanha suja” e de uma “campanha esclarecedora”. A sujidade das campanhas em Portugal costuma ser um exercício infantil de personalizar os ataques políticos e comentar o assunto do dia. Em cada dia a vítima mantém-se e o enredo muda, tudo como numa novela para consumo imediato ou num reality-show para a alienação do país. Na realidade, as campanhas eleitorais são musicais sem música. Mudam-se as circunstâncias e muda-se a banda sonora ao encontro da conveniência e do oportunismo. Com eleições choque marcadas para o curto prazo, o país político vive uma espécie de “ressaca bailada”.