Mensagem do Diretor

O IEP faz parte integrante da Universidade Católica Portuguesa e assumiu essa identidade desde o primeiro dia. A Universidade Católica tem entre nós a marca da excelência – e isso beneficiou desde o início o IEP.

Mas não é “apenas” esta dimensão secular ou empresarial que devemos recordar. Embora ela seja muito importante, decorre na verdade de algo mais fundo. As Universidades nasceram Cristãs, foi essa a sua origem na Idade Média europeia, e não no Iluminismo do século XVIII, como hoje tende a ser dito. Foi essa origem que marcou o sentido de missão da Universidade: a procura, através de um diálogo entre fé e razão, na busca do Bem, da Verdade e da Beleza, como entidades exteriores ao capricho de cada um. Através da conversação e da crítica mútua entre as nossas falíveis perceções, ambicionamos algo que está para além de cada um de nós. É isso que inspira a busca da excelência. Por outras palavras, a Universidade funda-se numa conjugação entre o espírito de liberdade de busca intelectual e o sentido do dever para com o Bem, a Verdade e o Belo, o que orienta aquela busca intelectual. No dia em que esta tensão e este equilíbrio se quebrassem, em que apenas um deles reclamasse a supremacia absoluta, a ideia de Universidade estaria subvertida.

Em segundo lugar, sendo uma unidade da Universidade Católica, o IEP-UCP faz parte de uma Universidade não estatal – podendo dizer-se que somos uma universidade privada, ou uma universidade pública não estatal designação que se aplica às Universidades medievais de Oxford e Cambridge. O ponto crucial aqui é que os nossos recursos dependem da escolha livre dos nossos alunos e das suas famílias, bem como dos nossos beneméritos. Não dependem da transferência coerciva e opaca dos recursos dos contribuintes, cuja aplicação eles não podem controlar. Isso significa que os alunos e as suas famílias, bem como os nossos beneméritos, estão no centro do IEP-UCP. O IEP-UCP não existe para dar emprego aos seus professores ou funcionários: existe para servir os seus alunos e as suas famílias e para respeitar os contratos voluntários que estabelece com os seus beneméritos. Com certeza que o IEP-UCP procura dar aos seus professores e funcionários as melhores condições para exercerem as suas funções. Mas estas são sempre definidas pelo dever de servir os alunos e as famílias, não de servir os que aqui trabalham através dos recursos dos alunos e das famílias. O rigor orçamental é um dos indicadores mais instrutivos sobre o cumprimento deste espírito de missão e de serviço. E a disciplina institucional que a todos é exigida, a obediência a regras gerais de conduta e não ao capricho de cada um, é a marca de uma instituição que está ao serviço dos outros e não de si própria. A escolha livre das famílias em regime de concorrência – ainda que desleal por parte das universidades do Estado (o que é particularmente prejudicial para elas) – é a melhor garantia de que existimos para servir os alunos e as famílias e não para nos servirmos deles. Servir os alunos e as famílias não significa seguir os alunos e as famílias. Como unidade da Universidade Católica, o IEP-UCP tenta reconciliar duas missões: servir a busca do Bem, da Verdade e do Belo, por um lado, e servir os seus clientes, ou seja, os alunos e as suas famílias. É da tensão entre estas duas missões que emerge a busca da excelência em contacto com as necessidades e expectativas das pessoas. Mais uma vez, trata-se de uma conversação e de uma tensão entre dois princípios e não de um só. Mais uma vez, é da escolha livre em regime de concorrência que emerge a melhor bússola para a procura daquele equilíbrio.

Finalmente, o terceiro aspeto reside na própria natureza internacional de uma Universidade Católica. Obedecendo às leis nacionais, a natureza do Cristianismo é independente do poder secular e tem vocação universal. Por isso, as Universidades Cristãs medievais constituíram um dos primeiros mercados globais ou transnacionais do conhecimento, representado entre nós pelo pioneirismo descobridor de D. Henrique, o Navegador, e da sua extraordinária escola de investigação em Sagres. Orgulhoso herdeiro dessa tradição e dessa ambição, o IEP-UCP estabeleceu desde o início (em 1996) que o seu objetivo não era apenas constituir a melhor escola de estudos políticos à escala nacional: era estabelecer um padrão nacional de excelência, em sintonia com os melhores padrões internacionais.

Prof. Doutor João Carlos Espada
Diretor do Instituto de Estudos Políticos