A semana passada foi dominada pela conferência de imprensa em que Donald Trump anunciou que deseja integrar o Canadá nos Estados Unidos, alterar o nome do Golfo do México para Golfo da América, recuperar o controlo do Canal do Panamá e comprar ou dominar a Gronelândia, não afastando a possibilidade de, para tanto, utilizar as Forças Armadas. Partindo do princípio de que devemos ouvir e considerar o que diz o presidente da maior potência do mundo e um aliado tradicional, estas declarações são problemáticas para as democracias do mundo e poderão ser particularmente preocupantes para Portugal.
Para o mundo, o que o próximo presidente parece estar a dizer é que os Estados Unidos deixarão de assegurar um sistema internacional que tem permitido desenvolver as organizações e o direito internacionais que, com mais resultados positivos do que erros e falhas, organiza o mundo desde 1945. Se esse sistema acabar, teremos de, numa altura em os modelos autoritários estão a afirmar-se e os modelos supranacionais e democráticos atravessam várias dificuldades, encontrar uma outra forma de convivência entre Estados. Não será fácil e não temos garantia nenhuma de que o resultado desse exercício seja igual ou melhor do que o que temos.
Nota: Pode ler este conteúdo na íntegra na edição impressa do Diário de Notícias de 13 de janeiro de 2025.